autor:lucia junqueira
editora:
Olhando ao longe as lindas praias do Japão, vendo sua pátria se distanciando cada vez mais, Tadashi se lembra de sua família, pensa no que o espera no Brasil, sozinho...
Tadashi, cuja história é narrada neste livro, era o segundo filho de Tomojiro Tanaka, pescador japonês. Mesmo sendo criança já era bastante responsável, pois dos dez filhos do senhor Tanaka, apenas dois eram meninos e sua família vivia em situação de miséria no Japão. Aos treze anos Tadashi pediu ao seu pai que lhe deixasse ir para o Brasil como filho adotivo do casal Nakamura, afim de ‘ficar rico’ e poder mudar a situação de sua família; o casal Kazuo e Seiko Nakamura tinha 3 filhos, mas dois haviam morrido na guerra e um tinha ido para o Brasil, e não dava mais notícias, então resolveram procurar seu único filho, mas para emigrarem precisavam adotar um filho, pois a lei proibia que velhos emigrassem sem filhos.
Durante a viagem o senhor Nakamura passou mal e ficou muito debilitado. Tadashi cuidou dele e de sua esposa como um verdadeiro filho. Esperançosa, a senhora Nakamura não via a hora de encontrar seu filho que já não dava notícias havia seis meses.
A viagem durou quarenta e três dias, ao desembarcarem no porto de Santos o casal Nakamura não encontrou seu filho, tristes, seguiram para São Paulo, para um prédio destinado aos imigrantes japoneses, onde aguardariam os administradores de terra que lhes contratariam. Lá, o casal Nakamura pediu ao encarregado do cônsul que os ajudasse a encontrar seu filho, assim, descobriram que ele havia trabalhado em uma plantação de Batatas em Ribeirão Preto.
O casal Nakamura teve dificuldade para ser aceito para trabalhar na lavoura, pois eram velhos e seu “filho’ uma criança de treze anos, mas o encarregado do cônsul conseguiu que ele e mais duas famílias fossem trabalhar nas plantações de café da região de alta Mogiana, próximo a Ribeirão Preto. No mesmo dia seguiram para a fazenda Espírito Santo onde, após um incidente, conheceram o senhor Kentaro, um japonês que já estava no Brasil há algum e conhecia as duas línguas. Este mesmo senhor Kentaro ajudou o casal Nakamura a procura seu filho. Ao chegarem na fazenda de batatas onde seu filho havia trabalhado, souberam que ele estava morando na casa do sogro, pois tinha casado com uma brasileira. Muito apegado às tradições, o senhor Kazuo Nakamura, não aceitou que seu filho tivesse casado com uma estrangeira, a notícia foi um choque para ele que teve um derrame e veio a falecer; mas antes de partir pediu a Tadashi que lhe prometesse cuidar da senhora Seiko como sua mãe e nunca a deixasse procurar seu filho Jiro. As famílias que foram pra fazena Espírito Santo viviam como uma grande família, assim Tadashi e a senhora Seiko não ficariam sozinhos.
Os anos que viriam seriam terríveis para Tadashi, pois tinha cuidar da senhora Seiko, mandar dinheiro para a sua família no Japão e aguentar a perseguição o administrador da fazenda onde trabalhava, o senhor Juvêncio Rocha. Após alguns anos o contrato de trabalho acabou, porém Tadashi ainda tinha que pagar alguns gastos que teve com remédios para senhora Seiko que estava muito doente. Então o senhor Kentaro pagou a dívida de Tadashi, e o levou para trabalhar com ele em seu sítio.
Num dia de muito calor Tadashi entrou em casa para beber um pouco de água, procurou sua ‘mãe’ e a encontrou... deitada, morta. Após a morte da senhora Seiko o senhor Kentaro entregou a Tadashi uma carta dela para seu filho Jiro Tanaka, com uma caixa de ferramentas que ela trouxera do Japão para dar de presente ao seu filho, e que antes de sua morte fez Tadashi prometer que o procuraria e entregaria a carta e o presente.
Logo Tadashi seguiu para a região do Triângulo Mineiro onde haviam dito que Jiro estava morando com sua família. Ao tomar o último trem daquela viagem que o levaria até Araçatuba e, pensando em sua família, adormeceu... Ao acordar deparou-se com o mais belo rosto já visto por seus olhos... Era Elisa, uma professora que morava em Araçatuba.
Durante o belo diálogo que tiveram Tadashi sentiu em seu coração algo jamais sentira: “seria amor?”. Logo o trem parou e Elisa desceu ao encontro de um belo rapaz que mais tarde Tadashi saberia que era irmão dela. “Tchau!”.
Ao desembarcar Tadashi não tinha dinheiro nem para o jantar e ao procurar informação sobre como chegar a Fazenda Mata da Onça, lhe apresentaram ao senhor Kojiro, taxista japonês que o levou até a fazenda.
Ao chegar e entregar para Jiro a carta e o presente, a emoção tomou conta do ambiente... lágrimas de tristeza rolaram do rosto de Jiro.
Daquele momento em diante Tadashi teria sua vida mudada. Como forma de agradecimento pelos anos de dedicação ao casal Nakamura, Jiro pediu que ele ficasse como seu irmão e construísse sua vida naquele lugar. Tadashi prontamente aceitou.
E Elisa? Tadashi a procurava em cada rosto que via em Araçatuba. E um belo dia ao entrar em casa para a comemoração de seu aniversário de vinte anos, lá estava ela, após dois anos...
Desde então suas vidas se encontraram, enfrentaram as diferenças culturais, a reprovação de suas famílias para viverem esse amor , como um Pássaro Vermelho,que “além representar calor e liberdade, parecia ter brotado do sol nascente, como o amor brota dos corações.
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